AS FUMAÇAS DO PRECONCEITO
Estamos na Semana de Luta contra as Opressões. Dia 20, Dia da Consciência Negra, dia 22, Revolta das Chibatas, dia 25, Dia Nacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Quando penso no preconceito, imagino-o como uma fumaça que nos envolve, nubla nossos olhos, impedindo que vejamos o quanto os outros são humanos, como nós e, finalmente, nos intoxica. Mas os exploradores de pobres, mulheres, negros, nordestinos,palestinos, haitianos, homossexuais só se utilizam desses rótulos para oferecer empregos como quem concede um favor e justificar salários mais baixos.
A fumaça é sutil e penetra os ambientes discretamente. O machismo e o racismo sussurram a discriminação em nossos ouvidos,como ecos das piadas, das restrições “em nome do amor”, nos apelidos, nas brincadeiras. Não tarda, nos deparamos com
“rodeios de mulheres” em escolas, com espancamentos nos lares respeitáveis e diferenciação de salário nas empresas idôneas e socialmente responsáveis. A opressão escandalosa das surras, das ofensas morais,da superexploração é facilmente identificável e repreensível socialmente. Ela é alvo das propagandas, na mesma mídia televisiva que expõe mulheres como corpos e faz humor com a condição sexual ou étnica de pessoas. Entretanto, aquela violência contra a mulher, o homossexual ou o negro que humilha e lhes rouba a dignidade cotidianamente é quase intangível, como a fumaça. Por isso, ainda há muito o que discutir e denunciar. Hoje, às 16h, a CSP Conlutas distribuirá panfletos na esquina da rua 13 de Maio com a rua Batista de Carvalho, estimulando a discussão sobre esse tema na sociedade bauruense e convida a comunidade bauruense a se manifestar contra o preconceito, essa justificativa mórbida para a superexploração do homem pelo homem.
(Áurea Costa - CSP Conlutas - Regional Bauru)- Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade, Bauru, 25/11/2010
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