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domingo, 6 de fevereiro de 2011

EUA e Hosni Mubarak

Vejam como funciona o regime que Washington sustentou por 30 anos
do Viomundo por Luiz Carlos Azenha
São aquelas coisas que acontecem só de vez em quando. De manhã, no New York Times, testemunhos devastadores contra o regime de Hosni Mubarak, no Egito. À tarde, a decisão dos Estados Unidos de apoiar a transição com Omar Suleiman, o espião que coordenou as “extraordinary renditions”, sequestros de suspeitos praticados pelos Estados Unidos, entregues em seguida para tortura em vários países, inclusive no Egito. Ou seja, a ideia de Washington agora parece ser a de fazer a transição com Hosni Mubarak.
Leiam o texto publicado no Times, que revela os bastidores do regime que os Estados Unidos pretendem preservar, em defesa de seus próprios interesses e dos interesses de Israel:
February 4, 2011
Dois repórteres detidos viram os métodos da polícia secreta em primeira mão
By SOUAD MEKHENNET and NICHOLAS KULISH
CAIRO
Nós fomos detidos por autoridades egípcias , entregues à temida Mukhabarat, a polícia secreta, e interrogados. Eles nos deixaram à noite em uma sala fria, em bancos de plástico laranjas, sob luzes fluorescentes.
Mas nosso desconforto não foi nada em comparação com as pancadas e os gritos de dor de egípcios que quebravam o silêncio da noite. Em um caso, entre os gritos de sofrimento, um policial disse em árabe, “Você está conversando com jornalistas? Você está falando mal de seu país?”
Uma voz, também em árabe, respondeu: “Você está cometendo um pecado. Você está cometendo um pecado”.
Nós — Souad Mekhennet, Nicholas Kulish e um motorista, que não é jornalista e não estava envolvido em manifestações — fomos detidos na tarde de quinta-feira enquanto dirigíamos no Cairo. Fomos parados numa barreira policial e assim começou nossa jornada de 24 horas através da detenção egípcia, terminando com — assim nos disseram os soldados que nos deixaram lá — a polícia secreta. Quando perguntados, eles se negaram a se identificar.
A prisão foi terrível. Nós nos sentimos sem poder — incertos sobre onde e por quanto tempo ficaríamos presos. Mas a pior parte não teve nada a ver com nosso tratamento. Foi ver — e particularmente ouvir através das paredes deste lugar apavorante — o abuso de egípcios nas mãos de seu próprio governo.
Por um dia, estávamos presos num labirinto brutal onde egípcios ficam perdidos por meses ou mesmo anos. Nossa detenção deixou claros os abusos dos serviços de segurança, da polícia, da polícia secreta e dos serviços de inteligência, e ajuda a explicar porque eles figuraram nas reclamações feitas pelos manifestantes [que querem derrubar Mubarak].
Muitos jornalistas também viveram essa experiência e muitos ficaram em piores condições — alguns deles sofrendo ferimentos.
De acordo com o Comitê para Proteger Jornalistas, no mesmo período em que ficamos detidos houve a detenção de 30 jornalistas, 26 ataques [a jornalistas] e 8 casos de equipamentos apreendidos. Vimos um jornalista com um curativo na cabeça e outros com a cabeça coberta, trazidos por homens armados.
De manhã, pudemos ouvir a voz de um homem com um sotaque francês dizendo em inglês: “Onde estou? O que está acontecendo comigo? Responda. Responda”.
Isso nos levou a agir — pressionando por nossa libertação com urgência e na verdade com mais medo que antes. Um oficial não fardado, que disse se chamar Marwan, fez um gesto. “Venham até a porta”, ele disse, “e olhem”.
Vimos mais de 20 pessoas, ocidentais e egípcios, algemados e com os olhos vendados. O lugar estava vazio quando chegamos, na noite anterior.
“Poderíamos tratar vocês muito pior”, ele disse sem tensão na voz, deixando que os fatos falassem por si. Marwan disse que milhares de egípcios estavam presos. Durante a noite nós ouvimos quando eles eram espancados, quando gritavam depois de cada golpe.
Nós tínhamos voltado ao Cairo depois de cobrir as manifestações em Alexandria para o Times. Estávamos viajando com jornalistas da emissora pública alemã ZDF, uma prática normal nessas condições — segurança garantida pelo número [de viajantes].
Nas cercanias do Cairo, fomos parados no que parecia uma barreira policial civil.
Tínhamos passado por várias barreiras sem problemas, mas depois que o motorista abriu o porta-malas uma tremenda comoção começou. Eles viram uma grande mala com um microfone laranja da ZDF para fora. No ambiente tenso, equipes de TV tinham sido atacadas e acusadas de criar propaganda anti-egípcia. Tínhamos estado no meio de uma confusão com a mesma equipe no dia anterior.
A multidão gritava e batia no automóvel, abrindo as portas. A equipe da ZDF, que estava em outro carro, conseguiu escapar, mas ficamos presos. Em vez de nos tirarem do carro como esperávamos, dois homens entraram no assento traseiro. Ficamos aliviados porque eles estavam nos levando para longe da multidão, até que um deles mostrou sua identificação de policial. Em vez de nos ajudar a escapar, ele estava nos detendo.
O policial deu ao motorista instruções para chegar a uma delegacia de polícia improvisada no distrito de Sharabiya, no Cairo, no segundo andar de um depósito de madeira. O oficial encarregado, que se identificou como Ehab, disse que eram da polícia secreta.
Eles olharam nas malas da ZDF e encontraram mais que uma câmera. “Temos uma mulher de origem árabe com um passaporte alemão e um americano em um automóvel com uma câmera, equipamento de satélite e dez mil dólares”, ele disse. “Isso é muito suspeito. Acho que precisamos checá-los”.
A ansiedade se tornou expectativa quando fomos levados para uma base militar. Os militares são a coisa mais próxima no Egito de uma garantia de estabilidade e pensamos que uma vez explicado quem éramos e mostrada a documentação seriamos autorizados a voltar para o hotel.
Numa conversa estranha, que só fez sentido mais tarde, a srta. Mekhennet perguntou a um soldado, “onde vocês estão nos levando?”. O soldado respondeu: “Sinto muito por vocês. Desculpem”.
Depois de levados para várias outras bases, fomos informados de que seríamos entregues à Mukhabarat em seu quartel-general da Nasr City.
Já caia a noite quando eles nos fizeram tirar tudo do carro. Tudo foi listado, das meias à água ao maço de 50 notas de 100 dólares. Nossos telefones, câmeras e computadores foram confiscados.
Fomos levados para salas separadas com as paredes cobertas por almofadas de couro marrom e interrogados individualmente. O interrogador do sr. Kulish falava inglês perfeitamente e brincou a respeito do seriado de TV “Friends”, mencionando que tinha vivido na Flórida e no Texas.
O Mukhabarat tem um relacionamento de trabalho com a inteligência estadunidense, inclusive com o assim chamado programa de rendição da CIA, de transferência de prisioneiros. Durante o interrogatório, um homem que estava sendo espancado por perto — o som doentio variava entre um baque e um tapa. Entre os gritos dele deu para ouvir um grito em árabe, “você é um traidor, trabalhando para estrangeiros”.
Os jornalistas egípcios tinham mais liberdade que os de outros estados policiais da região, mas a polícia secreta sempre ficou de olho tanto nos jornalistas quanto em suas fontes. Quando os protestos se tornaram mais violentos, uma campanha de intimidação contra jornalistas e os egípcios que falavam com eles se tornou aparente. Nós aparentemente ficamos no meio disso.
A srta. Mekhennet perguntou a seu interrogador, “onde estamos?”. Ele respondeu: “Em lugar nenhum”.
Fomos encapuzados e levados para um quarto vazio, onde passaríamos a noite. Na tarde seguinte seríamos colocados em cadeiras plásticas laranjas. Os gritos que ouvimos da tortura tornaram praticamente impossível pensar.
Não sofremos abusos físicos. A srta. Mekhennet explicou que tinha passado mal e um homem apareceu com um medidor de pressão, mas ela rejeitou a oferta de ajuda. Um policial deu a cada um de nós uma Pepsi e um pequeno pacote de biscoitos. Já passava das dez da noite, não tínhamos comido desde o café da manhã, mas a gritaria instantâneamente acabou com nosso apetite.
Fomos informados de que seríamos libertados de manhã e a partir das 6 horas da manhã começamos a pedir repetidamente nossa libertação.
Marwan apareceu por volta das 11 da manhã. Ele ficou claramente irritado com nossos pedidos, reclamando que milhares de civis egípcios estavam detidos. Ele não gostou de nossa sensação de que teríamos algum tipo de privilégio.
Foi quando abriu a porta e mostrou nossos colegas de outros órgãos da mídia internacional algemados e vendados. Ele disse que estava exausto, mas que iria procurar nossos celulares e computadores.
Cerca de uma hora depois, nossos pertences foram devolvidos. Nosso maior medo, de que o motorista inocente fosse mantido preso para “processamento”, não se tornou realidade.
Saímos juntos, com sensação de culpa quando vimos nossos colegas com os olhos vendados e feridos, e mais gente chegando presa, trazida por guardas com coletes à prova de bala e fuzis de assalto.
“Vamos para o hotel?”, perguntamos.
“Isso você não pode saber”, um guarda respondeu.
Os policiais nos colocaram em nosso carro e mandaram que ficassemos com a cabeça baixa. “Olhem para baixo e não falem. Se olharem para cima verão algo que nunca gostariam de ter visto”.
Eles nos deixaram esperando por dez minutos. Os únicos sons eram de armas sendo carregadas e checadas e de fita crepe sendo arrancada.
Um interrogador apareceu e perguntou a nosso motorista, “o que você fazia na praça Tahrir?” O motorista respondeu que não tínhamos estado lá. O interrogador disse ao motorista, “você é um traidor de seu país”.
Em árabe, a srta. Mekhennet, uma cidadã alemã com raízes árabes, disse seguidamente ao interrogador que nós éramos jornalistas do New York Times. “Você veio até aqui para fazer este país parecer ruim”, o interrogador disse.
Fomos informados de que poderíamos dirigir nosso carro, mas sob a escolta de um homem armado. Novamente, fomos orientados a olhar para baixo.
Finalmente, depois de um tempo, o homem que fazia nossa escolta ordenou que o motorista parasse o carro, saiu e disse “podem ir”.
O motorista começou a gritar “Alhamdulillah” ou “graças a Deus”. Olhamos em volta e descobrimos que estávamos sós no meio de Cairo, mas longe dos protestos, no meio do tráfego normal, que seguia lentamente.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Novo Início.


Camaradas.
Por problemas internos não publicamos em janeiro (2011).
Primeiro gostaria que nos desculpassem por nossa falha, tentaremos não cometer mais este erro e reafirmamos aqui nosso compromisso com a linha ideológica do PT e nosso compromisso com a comunidade vinculada, tanto à Macro PT Bauru e ao Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores.
A todos que nos acompanharam até agora e acreditou que este espaço se manteria, muito obrigado. àqueles que torceram contra ou pensaram que podiam calar este partido de tradição, do um grupo comprometido com sua comunidade, sua cidade, sua região, seu estado e seu país, fica o recado:
-Somos o Partido dos Trabalhadores meu amigo.
Temos muito para falar a você, seu vizinho, seus parentes, seus amigos. Mobilize-se e mobilize sua comunidade, este canal não é de mão única. Comente nossas matérias, de idéias, compareça a nossa sede. Juntos somos muitos e podemos fazer mais.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Diplomação da Presidente

Hoje, 17 de dezembro foi a diplomação da nova Presidente da República, nossa companheira Dilma Roussef.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Acusações de Estupro

O tapa na cara das mulheres estupradas
Em outras palavras: nunca, em vinte e três anos de relatos e apoio a vítimas de violência sexual ao redor do mundo, eu alguma vez ouvi dizer do caso de um homem procurado por duas nações, e mantido em confinamento em uma solitária, sem fiança, antes de ser questionado -- por qualquer estupro alegado, mesmo o mais brutal ou facilmente provado. Em termos de um caso envolvendo os tipos de ambiguidades e complexidades das queixas das supostas vítimas -- sexo que começou consensualmente, e alegadamente tornou-se não-consensual quando surgiu a disputa sobre uma camisinha -- por favor encontre para mim, em qualquer lugar do mundo, outro homem hoje na prisão sem fiança por acusações de qualquer coisa comparável.
[...] para todas as dezenas de milhares de mulheres que foram sequestradas e estupradas, estupradas sob a mira de uma arma, estupradas com objetos pontiagudos, espancadas e estupradas, estupradas enquanto crianças, estupradas por familiares -- que ainda estão esperando o menor suspiro da justiça -- a reação nem um pouco usual da Suécia e da Inglaterra a essa situação é um tapa na cara. Ela parece mandar a mensagem às mulheres no Reino Unido e na Inglaterra de que se você alguma vez quiser que alguém leve a sério um crime sexual contra você, é melhor que você se certifique de que o homem que você acusa também causou embaraços ao governo mais poderoso da terra.
-- Naomi Wolf, no BoingBoing

PS - Você pode se interessar pela postagem Carta das Mulheres Contra o Estupro sobre a prisão de Assange.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Desconstruindo Serra

Nassif: Velha mídia começa a desconstrução de Serra

Nassif: Cantei esse movimento no ano passado. O governo Serra era amplamente vulnerável, sem noção de gestão, de planejamento, um grande ausente do dia a dia da administração, preocupado apenas em operar politicamente. Em suma, havia material amplo para uma reavaliação da velha mídia, sobre o "grande gestor" Serra.

Esse processo - alertava no ano passado - teria início passadas as eleições. Haveria, de um lado, o desencanto da velha mídia por ter apostado todas suas fichas, empenhado sua credibilidade em um cavalo manco. Depois, a necessidade de derrubar o empecilho para abrir espaço para os novos futuros candidatos.
É o que está ocorrendo a olhos vistos. A Folha traz a matéria da WikiLeaks sobre as conversas entre Serra e a Chevron.
Hoje, no Estadão, duas matérias fortes. A primeira, sobre os gastos de saúde de Serra no último ano, com as tais policlínicas alardeadas por ele nos debates políticos - comentei inúmeras vezes que, por seu custo, era experiência que não podia ser massificada e, portanto, se transformar em política de saúde.
A matéria do Estadão (de Julia Duailibi e Daniel Bramatt) é completa, um jornalismo que ficou ausente no período eleitoral. Fala dos aumentos desmedido dos gastos em saúde. Ora, mas aumentar gastos em saúde não é uma prática socialmente responsável? Não, foi politiqueiro. Segundo a matéria, o próprio Secretário de Saúde, Luiz Roberto Barradas (grande sanitarista) ameaçou pedir demissão, em razão da explosão de custos do setor.
Dado importante é que de outubro de 2009 a outubro de 2010 - em pleno período eleitoral - houve crescimento de 37% nos repasses para as organizações sociais que administram unidades de saúde do Estado.


A conclusão é que mais uma vez foi feita uma forte campanha no sentido de enganar os mais variados setores da população brasileira, afim de eleger o representante dos grandes grupos econômicos. Abramos nossos Olhos

domingo, 12 de dezembro de 2010

Papai Noel em Bauru?

EU VI PAPAI NOEL E SEU TRENÓ NAS RUAS DE BAURU
Ele circula livremente e sem nenhum tipo de assédio nas principais ruas de Bauru. De origem nipônica, com os olhinhos puxados, algo um tanto estranho, esse senhor, desgastado pelo tempo, queimado de sol e calado como quase toda pessoa de origem oriental, circula em andrajos. Seu provável trenó são seus pertences, que amarrados uns aos outros são puxados pela força de seus braços, levados de um lugar para outro.
Muito conhecido nas cercanias da Rua Araújo Leite, anda alguns metros, dá uma breve parada, descansa o suficiente para poder continuar e segue em frente, não se sabe para onde. Morador de nossas ruas, com idade já ultrapassando os 60 anos, é personagem das mais conhecidas na cidade. Por ser de origem nipônica, ouço dizer que membros da comunidade já tentaram de todo jeito tirá-lo das ruas, pois isso denigre as origens pregadas pela colônia. Nada conseguiram. Irredutível, peregrina impassível aos olhares dos que ainda conseguem se indignar com tal cena.
Nessa época dezembrina lembra demais um personagem que invade os lares brasileiros. O outro, de roupa vermelha, impecável e provocando calafrios, pelo calor que deve emanar a acalorada vestimenta. Esse, calça amarrada com barbante, camisa rota e quase sem botões, sapatos sem cadarços e um pé de cada modelo, às vezes com algo na cabeça, num objeto que nem pode ser denominado de chapéu, mesmo nessas condições, relembra muito o personagem criado para reverenciar o comércio natalino.
Ele não circula nos lugares mais iluminados da cidade, onde o festival de luzes e cores explode num mar de beleza. Seu cenário são as calçadas e sarjetas. Ali ele reina e passa impávido diante de todos, puxando sua tralha, sua casa e pertences. Tudo o que é seu está ali, junto dele. Vai e vem, sobe e desce. Assim como ele, milhares arrastam a inconstância e as incertezas por nossas ruas, quase sem serem notados. Não consigo me engajar numa festa de presentes e comes e bebes enquanto gente assim segue sem rumo e sem perspectiva.
Em dezembro eles chamam muito mais a minha atenção. Paro o carro e enquanto as luzes piscam me mostrando outro lado, prefiro continuar dando minha atenção para esses invisíveis, os deserdados do atual mundo em que vivemos. Sem ser piegas, sem falsear na escrita, sem sentimentalismo barato, isso me toca muito mais que o festejo todo que se avizinha.
Do grande companheiro Henrique Perazzi de Aquino - RG 9.710.205-2 www.mafuadohpa.blogspot.com

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Wikileaks e a ameaça ao Imperialismo

William Waak (Globo) disse em fórum empresarial durante campanha presidencial que Dilma não é competente
Atendendo aos pedidos, segue uma breve apresentação sobre o que é o wikileaks e o porque de toda essa preocupação dos 'gigantes' em calá-lo
O que são os Wikileaks:
O mundo inteiro tem falado sobre a polêmica dos WikiLeaks. Você sabe o que é isso? Trata-se de um site onde o seu dono publica documentos confidenciais que vazaram. Lá tem milhares de documentos da embaixada dos EUA, como sobre os crimes no Afeganistão e no Iraque.
O problema é óbvio, uma vez que, conforme Renato Pompeu à Caros Amigos, comprova “a onipresença da rede de informações do Império norte-americano, a arrogância de seus diplomatas, a subserviência dos funcionários dos governos de outros países aos Estados Unidos.”
Leia a reportagem abaixo e tire as suas próprias conclusões sobre o tema! Para aqueles que insistem em negar que haja um Imperialismo Yanke, os WikiLeaks são a prova definitiva. Os bastidores do poder estão à nu.

WikiLeaks: a embaixada americana acreditou na mídia
Por Adhemar João da Silva
Sobrou até para o Willian Waak a última divulgação sobre o Brasil da Wikileaks.
Wikileaks Brasil - Natália Viana

Dilma Roussef na Saúde e na Doença
Não foi só a saúde da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que foi alvo da curiosidade do governo americano. A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, também teve detalhes do seu estado de saúde investigados pela embaixada americana em meados do ano passado, quando sofreu de câncer linfático.
Documentos publicados hoje pelo WikiLeaks também revelam que o ex-embaixador americano em Brasília, John Danilovich, relatou que ela havia planejado três assaltos quando era integrante da organização VAR-Palmares.
Dilma Rousseff nega qualquer participação em ações armadas durante o regime militar.
Ao todo, o WikiLeaks publica hoje 9 documentos que mostram como a representação americana acompanhou de perto a trajetória de Dilma e o processo eleitoral brasileiro – que, aliás, a própria Hillary Clinton classificou de “bizantino”.

Joana D´Arc
Dilma Rousseff começou a chamar a atenção da embaixada quando tomou posse como Ministra-Chefe da Casa Civil. Um relatório especial a seu respeito foi elaborado e enviado em 22 de maio de 2005. Apesar de “não classificado”, o telegrama traz uma porção de temas sensíveis e algumas gafes. Um dos títulos é, por exemplo, “Joana D’Arc da Subversão se torna Chefe da Casa Civil” – uma referência à alcunha dada pelos agentes da repressão.
O documento afirma que ela teria planejado o “legendário” roubo ao cofre do corrupto prefeito de São Paulo, Adhemar de Barros, no qual a VAR-Palmares obteve 2,5 milhões de dólares.
“Integrando vários grupos clandestinos, ela organizou três assaltos a banco e depois co-fundou o grupo guerrilheiro Vanguarda de Palmares”, diz. Dilma sempre negou qualquer participação em ações armadas.
O documento escrito pelo embaixador John Danilovich observa que ela foi presa por mais de três anos e torturada de forma “brutal” com eletrochoques.
A seguir, entra em detalhes pessoais ao estilo de uma revista de celebridades: “Ela tem uma filha, Paula, em Porto Alegre, onde passa os fins-de-semana. Gosta de filmes e música cássica. Perdeu peso recentemente após ter adotado a dieta do presidente Lula”.
O documento diz ainda que Dilma é vista como “cabeça-dura, uma negociadora difícil e detalhista” e revela que as empresas americanas tiveram receio quando ela se tornou ministra de Minas e Energia, mas “agora admitem que ela fez um trabalho competente”.

Rumo à eleição
O assessor da embaixada em Brasília, Phillip Chicola, relatou a Washington que Dilma Rousseff aumentou muito as suas chances de ser a candidata do PT depois da sessão no Senado em 7 de maio de 2009.
Dilma foi chamada para explicar o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e acabou tendo que explicar o escândalo do vazamento de informações dos cartões de crédito do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Logo no começo, o senador do DEM José Agripino Maia perguntou como deveriam acreditar nela, já que ela havia mentido quando interrogada pelos militares.
Nas palavras de Chicola, “a performance de Rousseff perante o comitê poderia ter prejudicado ou afundado suas chances presidenciais, se tivesse ido mal”. Mas Jose Agripino Maia “mancou feio” ao fazer a pergunta.
“Rousseff respondeu que foi brutalmente torturada pelos militares e tinha orgulho de ter mentido sob tortura porque isso salvou as vidas de outros que lutavam contra a ditadura. Com essa resposta dramática e inquestionável, Rousseff permaneceu no controle durante a maior parte da sessão”, diz o telegrama.

Câncer
Em outro relatório, enviado em 20 de julho de 2009, a diplomata Lisa Kubiske comenta o aumento de Dilma nas pesquisas apontando como consequência da sua visibilidade nas obras do PAC e da sua luta contra o câncer.
“Enquanto Rousseff continuar parecendo uma lutadora que venceu o câncer, suas chances presidenciais vão aumentar”, diz ela.
O estado de saúde de Dilma já havia sido tema de um extenso relatório enviado a Washington em 19 de junho, sob o título “Quão doente está Dilma Rouseff?”.
Nele, o embaixador Clifford Sobel relata as informações coletadas em conversas sobre a saúde da futura presidente, incluindo detalhes sobre o câncer linfático do qual ela sofria.
“Seus médicos afirmam que o câncer foi diagnosticado cedo e ela tem 90% de chance de se recuperar totalmente. Ela tinha nódulos linfáticos debaixo do braço esquerdo e começou um programa de um mês de quimioterapia em abril. Em maio, foi hospitalizada emergencialmente com dores nas pernas, o que foi atribuído à interrupção abrupta de medicamentos associados à quimioterapia. Os médicos dizem que ela vai reduzir esses remédios para evitar uma recaída”, diz o telegrama.
“No começo de junho ela havia completado três sessões de quimioterapia. Em uma reunião no dia 18 com um visitante de Washington, Rouseff parecia bem, com boa cor natural e pouca maquiagem, e um assessor disse ao embaixador que Rousseff estava respondendo tão bem à quimioterapia que suas sessões deveriam ser reduzidas de seis para quatro”.
No documento, Sobel especula sobre as consequências da doença da pré-candidata. Dilma poderia estar bem mais doente do que foi revelado publicamente, o que seria pouco provável. Outra possibilidade seria a doença piorar, inviabilizando sua candidatura. Finalmente, Dilma poderia reagir bem à quimioterapia e se recuperar do câncer. O embaixador via essa possibilidade como a mais provável – foi o que acabou acontecendo.
“Alguns analistas notaram que uma ‘vitória’ sobre o câncer jogará a seu favor e impulsionará a imagem de uma lutadora e vencedora. Mas se ela parecer fraca e derrotada, os eleitores vão minguar”.
Caso de Dilma não pudesse mais ser a candidata, Sobel faz outra uma lista de cenários possiveis.
No primeiro, o candidato do PT seria Antônio Palocci ou Gilberto Carvalho. No segundo, Aécio Neves se mudaria para o PSB ou o PV e poderia ser o candiato com apoio petista. E finalmente, Sobel reproduz especulações sobre um terceiro mandato de Lula, ouvidas em especial do deputado federal PPbista George Hilton.
“A doença de Rousseff mostrou uma vulnerabilidade do PT que não existia alguns anos atrás, quando podia indicar diversos governadores e congressistas como estrelas do partido. Essas estrelas por uma razão ou por estão apagadas e o partido adotou Dilma Rousseff, a escolhida de Lula, seu maior líder, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, conclui Sobel.

Jornalistas
A embaixada acompanhou com informes regulares a contagem regressiva para a campanha eleitoral. Em outubro de 2009, a conselheira Lisa Kubiske já arriscava palpites sobre o pleito brasileiro. Um telegrama confidencial do dia 21 alertava Washington: “fiquem ligados!’
Nele, Kubiske dizia que o resultado dependeria da capacidade de Lula de transferir sua popularidade a Dilma, “ao mesmo tempo permitindo que ela se distingua como uma figura presidencial viável”.
Kubiske aponta em diversos telegramas a “falta de carisma” de Dilma.
Em fevereiro de 2010 ela conta que Dilma encostou em Serra nas pesquisas, e descreve a opinião de diversos jornalistas consultados pela representação americana.
“Os críticos mais ferrenhos de Rousseff frequentemente enfatizam que a campanha na TV e os comícios vão matar a sua candidatura”, afirma Kubiske, citando o apresentador da Globo William Waack.
Waak teria dito que em um fórum com empresários, Aécio Neves teria se mostado “o mais carismático”, Ciro Gomes “o mais forte”, Serra “claramente competente” e Dilma “a menos coerente”.
“Outros críticos usam um argumento mais sutil, dizendo de maneira racional que o desejo do Brasil por continuidade depois de anos de progresso na verdade beneficia Serra, visto como mais provável a seguir o caminho econômico iniciado por Cardoso e seguido por Lula”, escreveu Kubiske.

Bizantino
Os relatórios enviados pela embaixada americana em Brasília sobre as eleições foram muito apreciados em Washingon. Em um telegrama de 23 de abril de 2009, Clinton agradece pelo informe “estelar” sobre o candidato do PSDB José Serra.
Em outro telegrama, datado de 24 de julho, Clinton explica que as informações sobre Dilma foram usadas em reuniões de “briefing” com o alto escalão do governo dos EUA, inclusive o secretário do Tesouro Timothy Geithner. Hillary finaliza agradecendo o assessor para assuntos políticos Dale Prince por esclarecer sobre o sistema político brasileiro, “frequentemente bizantino”.

Fonte: Blog do Nassif